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Economia

Clima, dólar e preço da carne explicam inflação acima da meta em 2024

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Aumento no preço dos alimentos, notadamente das carnes, impactos do clima e a desvalorização do real ante o dólar são os principais fatores que explicam a inflação oficial de 2024 ter ficado acima do limite máximo da meta estipulada pelo governo.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (10) que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o ano em 4,83%, superando o teto da meta e inflação, de 4,5%.

Para apurar o índice, o IBGE colhe dados de 377 produtos e serviços, os chamados subitens, que são distribuídos em nove grupos. A maior pressão de alta de preços em 2024 veio do grupo alimentos e bebidas, que subiu 7,69%, o que representa um impacto de 1,63 pontos percentuais (p.p.) no IPCA.

Essa alta é a maior desde 2022, quando ficou em 11,64%. À época, a explicação foi o efeito de fenômenos climáticos, como o La Niña (resfriamento das águas superficiais de partes central e leste do Pacífico Equatorial e de mudanças na circulação atmosférica tropical, impactando temperatura e chuva em várias partes do globo) e reflexos da pandemia nas cadeias de produção. Em 2023, alimentos e bebidas subiram 1,03%.

Carnes

Ao analisar o comportamento dos produtos pesquisados, o IBGE identifica que a maior pressão de alta veio do item carnes. Em 2024, os cortes ficaram 20,84% mais caros, o que representa peso de 0,52 p.p. É o maior aumento desde 2019, quando subiram (32,4%). Em 2023, o preço das carnes recuou 9,37%. 

Esse encarecimento final de 2024 contrasta com o comportamento dos preços no começo do ano, que caíram. Mas o repique de setembro a dezembro (+23,88%) foi suficiente para o ano fechar com alta.

“Essa queda do primeiro semestre foi mais que compensada pelas altas”, define o analista do IBGE André Almeida. Ele explica que há efeito direto de questões climáticas no comportamento do preço do alimento que vai ao prato do brasileiro.

“A gente teve uma forte estiagem, ondas de calor, seca em diversas regiões do país, o que intensificou os efeitos da entressafra, quando as pastagens ficaram ainda mais restritas”, diz.

“A gente teve, por conta do próprio ciclo da pecuária, um menor volume de animais para abates, o que reduz a oferta do produto para o consumidor final e acaba pressionando os preços”, completa a explicação.

Ao analisar especificamente produtos alimentícios, o IBGE identificou que as principais altas dentro do item carnes foram o contrafilé (20,06%), carne de porco (20,06%), alcatra (21,13%) e costela (21,33%). Esses subitens só perdem para o café moído (39,60%) e o óleo de soja (29,21%). Mesmo assim, as carnes influenciam mais o IPCA, pois têm maior peso na cesta de produtos do brasileiro, segundo metodologia do IBGE.

“A influência do clima está muito ligada à produção dos alimentos. Se chove muito ou fica muito seco, isso tudo compromete a produção”, aponta o gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves.

Ao observar também os produtos não alimentícios, a gasolina – dona do maior peso na cesta de produtos pesquisada – subiu 9,71%, representando o impacto mais acentuado em todo o IPCA (representando 0,48 p.p.).

Câmbio

Almeida acrescenta que outro fator ajuda a explicar o IPCA fora da meta de 2024: o câmbio. Em 2024, o real viu o dólar subir 27% em 12 meses, terminando o ano negociado a R$ 6,18.

“O câmbio é um dos fatores que influenciam no comportamento dos preços de diversos produtos, desde alimentícios, com a questão da cotação de algumas commodities alimentícias em dólar” detalha ele, se referindo a mercadorias negociadas com preços internacionais.

O analista acrescenta que o real desvalorizado faz com que produtores prefiram destinar parte da produção para o exterior, uma vez que receberão as receitas em dólar valorizado. “Isso restringe oferta interna”, diz.

Almeida lembra ainda que o câmbio influencia o custo de produtos que possuem componentes importados. “Existem diversos mecanismos pelos quais o câmbio pode influenciar na inflação”, ressalta.

Ao longo de 2024, o país teve 11 meses com inflação positiva e um com deflação (queda de preços). Foi em agosto (-0,02%), influenciado pelo recuo na conta de luz e alívio dos alimentos no bolso. O maior resultado mensal foi em fevereiro (0,83%), puxado pela educação, por causa do reajuste de mensalidades.

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Economia

Indústria brasileira fecha 2024 com crescimento de 3,1%

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A indústria brasileira encerrou 2024 com crescimento de 3,1%. Em dezembro do ano passado, a produção industrial teve uma variação negativa de 0,3% pelo terceiro mês consecutivo, com desempenhos negativos.

Com esse resultado, a produção industrial ficou 1,3% acima do patamar pré-pandemia, mas ainda está 15,6%, abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal divulgada nesta quarta-feira (5) pelo IBGE.

O gerente da pesquisa, André Macedo, detalha as influências do índice em dezembro de 2024:

“As principais influências negativas foram assinaladas por máquinas, equipamentos e produtos de borracha e de material plástico. Nesse mês, o primeiro setor foi pressionado pela menor produção de máquinas e equipamentos para fins industriais, tanto os seriados quanto os não seriados, aqueles voltados para o setor agrícola e para a construção. Isso interrompeu dois meses consecutivos de crescimento na produção. A atividade de produtos de borracha e de material plástico marcou o seu segundo mês seguido de queda na produção e acumulou, nesse período, uma perda de 3,7%. Por outro lado, entre as oito atividades industriais que apontaram crescimento na produção, os principais impactos positivos em dezembro de 2024 foram assinalados por indústrias extrativas e pelo setor de bebidas. Com o primeiro segmento marcando seu segundo mês seguido de crescimento, e a atividade de bebidas interrompendo quatro meses consecutivos de taxas negativas”.

No índice acumulado de 2024, o setor industrial avançou 3,1%, depois de variar 0,1% em 2023. É o terceiro resultado anual mais elevado da indústria nos últimos 15 anos, ficando atrás apenas de 2010, quando registrou o índice de 10,2%

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Economia

CDL de Içara define calendário de ações para 2025

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A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Içara definiu um calendário cheio de eventos e com horários especiais para o ano de 2025 em conjunto com os associados. Com objetivo de impulsionar as vendas e fortalecer o varejo da cidade, uma programação com pelo menos 14 campanhas e ações ao longo do ano foi validada em reunião aberta da diretoria nesta segunda-feira, dia 3. E a primeira promoção acontecerá ainda este mês: a Liquida Içara, entre os dias 17 e 22 de fevereiro.

O cronograma para 2025 já inclui também o Sábado Total, neste ano, com atendimento estendido até as 16h, sem fechar ao meio-dia, em momentos estratégicos para o comércio: 8 de março; 12 e 19 de abril; 10 de maio; 7 de junho; 12 de julho; 9 de agosto; 6 de setembro; 11 de outubro e 8 de novembro. Em algumas datas, o comércio terá também horário especial, como em 11 de junho (véspera do Dia dos Namorados) e 28 de novembro (Black Friday), em ambos, com funcionamento até às 19h.

“Iniciamos o ano com a elaboração do planejamento estratégico para a gestão 2025/2026. Em paralelo ao calendário, criamos um levantamento de demandas internas e externas, ouvindo nossos associados e parceiros para definir as prioridades e metas que nortearão nosso trabalho nos próximos anos. Este é um momento crucial para alinharmos nossas expectativas e construirmos juntos um futuro ainda mais promissor. E cada comerciante é muito importante nesta construção”, ressalta a presidente, Leila Dal Bó.

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Economia

Senai abre inscrições para cursos gratuitos em parceria com o Bairro da Juventude

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O SENAI Criciúma, em parceria com o Bairro da Juventude, está com inscrições abertas para os cursos gratuitos de qualificação profissional que serão realizados neste primeiro semestre de 2025. Os cursos oferecem a possibilidade de qualificação rápida e permitem aos participantes o imediato acesso ao mercado de trabalho. As inscrições iniciam nesta segunda-feira, dia 3, e se estendem até o dia 28 de fevereiro. Os interessados podem ser inscrever via QRcode ou presencial no SENAI Criciúma.

“Estamos com inscrições abertas para os cursos de Lógica de Programação, Mecânico de Automóveis, Fresador Mecânico, Panificação e Confeitaria. São todos cursos gratuitos. Para se inscrever bastar ser alfabetizado (saber ler e escrever) comprovando uma escolaridade mínima (ensino fundamental incompleto) e ter idade mínima de 16 anos”, explica a supervisora dos cursos profissionais do SENAI, Izamara Fabre Custódio.

As inscrições podem ser realizadas via QRcode ou diretamente no SENAI de Criciúma, localizado na rua General Lauro Sodré, 300, Bairro Comerciário. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone e WhatsApp: (48) 3431-7134

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