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Política

Justiça declara que os repasses do Plano 1000 são irregulares da forma como foram feitos

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Para desembargadores, as transferências especiais para os municípios adotadas no ano passado só poderia ocorrer conforme orientações do TCE. Por questão de ordem prática, atos já praticados, apesar de inconstitucionais, não serão anulados. Novos repasses dependerão de celebração de convênio

O Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) decidiu na manhã desta quarta-feira, 5, que as transferências especiais feitas aos municípios pelo Governo do Estado até 2022 são irregulares. A decisão foi tomada no âmbito da Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) movida pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) que questiona o artigo 1º da Emenda Constitucional 81, de 1º de julho de 2021. O dispositivo instituiu essa modalidade de repasse de recursos entre a Administração Pública Estadual e as municipais. Apenas três desembargadores validaram os atos promovidos, enquanto outros seis votaram pela inconstitucionalidade com modulação de efeitos e 13 pela interpretação conforme a Constituição.

Durante o julgamento, o presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, desembargador João Henrique Blasi, declarou que “é preciso observar as prescrições apresentadas pelo Tribunal de Contas do Estado”. Ele citou voto do conselheiro Luiz Eduardo Cherem, que ao analisar os recursos transferidos em 2022, apontou ausência de registro no Sistema Integrado de Planejamento e Gestão Fiscal (Sigef), precariedade na prestação de contas e gastos que podem ter ultrapassado a quantia de R$ 2 bilhões, e afirmou que, da forma como foram feitos, não havia como controlar os repasses aos municípios.

O desembargador Francisco de Oliveira Neto foi na mesma linha do presidente. Ele afirmou que as transferências, se forem feitas em desacordo com as orientações do TCE/SC, elas serão inconstitucionais “e por isso não podem continuar”.

A desembargadora Maria do Rocio Luz Santa Ritta tratou da continuidade do programa. Segundo ela, “as transferências voluntárias são discricionárias do governante, e um não pode passar ao outro a essa discricionariedade, sob pena de interferir na governabilidade. Nenhuma lei pode ser feita para vincular para a frente, e por isso o próximo governante não pode ser obrigado a acatar o que foi previsto pelo outrora chamado Plano 1000”.

O desembargador Salim Schead dos Santos destacou a necessidade do controle do dinheiro público, “pois a discricionariedade pode impactar a saúde, a educação e a segurança”.

O resultado do julgamento, no entanto, não interfere nas obras já iniciadas que tiveram dinheiro transferido de forma irregular na sua composição orçamentária. Isso porque os desembargadores optaram por preservar os ganhos práticos para os moradores das cidades, que poderiam ser prejudicados caso os empreendimentos fossem suspensos. Os magistrados demonstraram receio que a correção da irregularidade gerasse um passivo estrutural significativo nas cidades catarinenses, prejudicando os contribuintes. Dessa forma, apenas as futuras transferências, solicitadas após a publicação do acórdão, não serão efetuadas.

O procurador-geral do Estado, Márcio Vicari, comentou a decisão.  “A interpretação conforme a Constituição proposta pelo presidente do TJSC, na prática, aponta que as transferências só poderiam ser feitas conforme as diretrizes dos órgãos de controle – o que não ocorreu e por isso o que foi feito é inconstitucional. Inclusive, se o governador Jorginho Mello quisesse usar o ‘pix’ hoje, não poderia fazê-lo da forma como estava ocorrendo e poderia ser responsabilizado por isso. O resultado é importante e reafirma que distribuição de recursos para cidades precisa ocorrer de forma republicana, impessoal e, acima de tudo, constitucional. Interromper essa prática é fundamental para que as políticas públicas implementadas pelo Governo atendam ao maior número de pessoas, com transparência, bons e mensuráveis resultados. Mais do que viabilizar isso, a Justiça atuou com sabedoria ao impedir que o passado fosse corrigido com um futuro de interrupção de trabalhos e obras inacabadas Estado afora”, disse, ao final da sessão, o chefe da PGE.

Com o resultado, a prática de repasse de recursos do Governo do Estado para as prefeituras dependerá do estabelecimento de convênios, conforme determina o artigo 10, inciso I, parágrafo primeiro da Constituição de Santa Catarina. No âmbito da Constituição Federal, a utilização de transferências especiais só é admitida em sede de emenda parlamentar impositiva, razão por que a formalização de uma transferência especial só pode ocorrer no contexto da execução de emenda dessa natureza, ficando vedados aos Estados-membros legislar sobre o assunto, ainda que de forma concorrente.

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Política

Representatividade feminina marca a 5ª Sessão da Câmara de Forquilhinha

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A 5ª Sessão Ordinária da Câmara de Vereadores de Forquilhinha foi realizada excepcionalmente nesta quinta-feira (6), devido ao recesso de Carnaval. Durante a reunião, os parlamentares discutiram e votaram projetos de lei, requerimentos e indicações voltadas para melhorias na infraestrutura e qualidade de vida dos munícipes.

Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, celebrado neste sábado (8), a Mesa Diretora foi composta exclusivamente por mulheres. As vereadoras Grasiela Camilo Cravo (União Brasil), Ivone Minatto (PSD) e Laísa da Silva Figueiredo (PSDB), juntamente com a adjunta legislativa da casa, Vaudriana Savi, conduziram os trabalhos da sessão, marcando esse momento simbólico de representatividade feminina no Legislativo municipal.

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Política

Paulo Vitor Cechinel assume Departamento de Cultura e Turismo de Morro da Fumaça

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O Departamento de Cultura e Turismo de Morro da Fumaça está sob novo comando com a posse, nesta quarta-feira, 5 de março, de Paulo Vitor Cechinel. O novo coordenador cultural do município fumacense estava atuando, desde 2022, como assessor de cultura e anteriormente, entre 2020 e 2022, no Setor de Convênios e Planejamento. Durante o período atuou na execução de Leis federais de Incentivo à Cultura, Lei Paulo Gustavo e a Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), e participou das principais festas e eventos culturais e turísticos do município. Também colaborou com a organização de todo o Sistema Municipal de Cultura e Turismo de Morro da Fumaça, composto por Conselho, Plano e Fundo Municipal, para desenvolvimento dos segmentos e dar legitimidade aos processos diante dos governos federal e estadual.

“A cultura e o turismo são pilares importantes do nosso município e sei que com a posse do Paulo Vitor teremos uma pessoa com muita competência e experiência frente ao departamento. Além disso, estamos valorizando o trabalho já promovido por ele como assessor cultural, agora reconhecendo seu potencial ao empossá-lo como coordenador do departamento”, afirma o prefeito Eduardo Sartor Guollo.

Entre os principais projetos futuros, o novo coordenador do Departamento de Cultura e Turismo destaca desenvolver um projeto com calendário de eventos atrativo para os munícipes e criar novas atividades no Centro Cultural como, por exemplo, aulas de dança, música, por meio das Leis de Incentivo Cultural (Lei Rouanet e PIC). “Também vamos buscar fortalecer ainda mais os símbolos culturais do município, atrair novos empreendimentos gastronômicos e fortalecer a Rota Turística Municipal”. Outra proposta que será colocada em prática é uma maior aproximação com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Morro da Fumaça e com a Associação Empresarial de Morro da Fumaça (Acimf).

O novo gestor também é secretário executivo do Conselho Municipal de Turismo de Morro da Fumaça (Comtur), bacharel em administração de empresas e trabalha com música e organização de eventos há 15 anos. Cechinel ainda é presidente da Associação Cultural e Esportiva Força Jovem Fumacense (FJF), desde 2022, que todos os anos organiza o tradicional campeonato de futsal, bem como o desfile de carros alegóricos que acontece anualmente.

“A área de Cultura e Turismo de Morro da Fumaça é muito promissora e tem muito a crescer. A experiência do Paulo tem muito a contribuir para que a administração possa alcançar os objetivos idealizados para esses setores”, pontua o vice-prefeito, Davi Colonetti Pellegrin.

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Política

Prefeitura de Siderópolis retoma horário normal de atendimento nesta quarta-feira

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A partir desta quarta-feira, dia 5, a Prefeitura de Siderópolis retomará o atendimento em horário normal. O expediente do Paço Municipal Antônio Feltrin será em dois turnos, das 8h às 12h e das 13h às 17h, assim como na Fundação do Meio Ambiente de Siderópolis (Famsid). O decreto nº 016 foi publicado nesta segunda-feira, dia 3.

Já as secretarias de Obras e de Agricultura e Meio Ambiente funcionarão das 7h às 12h e das 13h às 16h. As demais repartições manterão o horário habitual, assim como os serviços de excepcional interesse público, incluindo limpeza urbana, coleta de lixo e saúde.

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